Cancion : Negro Drama Artista : Racionais MC's Album : Nada Como um Dia Após o Outro Dia, Vol. 1 & 2 Url : https://www.letras10.co/letra-negro-drama-de-racionais-mcs [Letra de "Negro Drama" com Racionais MC's] [Verso 1: Edi Rock] Negro drama, entre o sucesso e a lama Dinheiro, problemas, inveja, luxo, fama Negro drama, cabelo crespo e a pele escura A ferida, a chaga, à procura da cura Negro drama, tenta ver e não vê nada A não ser uma estrela, longe, meio ofuscada Sente o drama, o preço, a cobrança No amor, no ódio, a insana vingança Negro drama, eu sei quem trama e quem tá comigo O trauma que eu carrego pra não ser mais um preto fodido O drama da cadeia e favela Túmulo, sangue, sirene, choros e velas Passageiro do Brasil, São Paulo, agonia Que sobrevive em meio às honras e covardias Periferias, vielas, cortiços Você deve tá pensando o que você tem a ver com isso Desde o início, por ouro e prata Olha quem morre, então, veja você quem mata Recebe o mérito, a farda que pratica o mal Me ver pobre preso ou morto já é cultural Histórias, registros, escritos Não é conto, nem fábula, lenda ou mito Não foi sempre dito que preto não tem vez? Então Olha o castelo e não Foi você quem fez, cuzão Eu sou irmão dos meus trutas de batalha Eu era a carne, agora sou a própria navalha Tim-tim! Um brinde pra mim Sou exemplo de vitórias, trajetos e glórias O dinheiro tira um homem da miséria Mas não pode arrancar, de dentro dele, a favela São poucos que entram em campo pra vencer A alma guarda o que a mente tenta esquecer Olho pra trás, vejo a estrada que eu trilhei, mó cota Quem teve lado a lado e quem só ficou na bota Entre as frases, fases e várias etapas Do quem é quem, dos manos e das minas fracas Hmm, negro drama de estilo Pra ser, se for, tem que ser; se temer, é milho Entre o gatilho e a tempestade Sempre a provar que sou homem e não um covarde Que Deus me guarde, pois eu sei que ele não é neutro Vigia os ricos, mas ama os que vêm do gueto Eu visto preto por dentro e por fora Guerreiro, poeta entre o tempo e a memória, ora Nessa história, vejo dólar e vários quilates Falo pro mano que não morra e, também, não mate O tique-taque não espera, veja o ponteiro Essa estrada é venenosa e cheia de morteiro Pesadelo? Hmm, é um elogio Pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu No clima quente, a minha gente sua frio Vi um pretinho: seu caderno era um fuzil [Interlúdio: Mano Brown] Crime, futebol, música... Caralho! Eu também não consegui fugir disso, aí Eu sou mais um Forrest Gump é mato Eu prefiro contar uma história real Vou contar a minha [Verso 2: Mano Brown] Daria um filme Uma negra e uma criança nos braços Solitária na floresta de concreto e aço Veja, olha, outra vez, o rosto na multidão A multidão é um monstro sem rosto e coração Ei, São Paulo, terra de arranha-céu A garoa rasga a carne, é a Torre de Babel Família brasileira: dois contra o mundo Mãe solteira de um promissor vagabundo Luz, câmera e ação! Gravando, a cena vai Um bastardo, mais um filho pardo sem pai Ei, senhor de engenho, eu sei bem quem você é Sozinho 'cê num 'guenta, sozinho 'cê num 'guenta, a pé 'Cê disse que era bom e a favela ouviu Lá também tem uísque e Red Bull, tênis Nike e fuzil Admito, seus carros é bonito É, e eu não sei fazer Internet, vídeo-cassete, uns carros loucos Atrasado eu tô um pouco, sim, tô, eu acho Só que tem que— Seu jogo é sujo e eu não me encaixo Eu sou problema de montão, de carnaval a carnaval Eu vim da selva, eu sou leão, sou demais pro seu quintal Problema com escola eu tenho mil, mil fitas Inacreditável, mas seu filho me imita No meio de vocês, ele é o mais esperto Ginga e fala gíria "Gíria, não, dialeto!" Esse não é mais seu, ó, fiiiuuu— Subiu Entrei pelo seu rádio, tomei, 'cê nem viu "Nóis é isso, é aquilo" O quê? 'Cê não dizia? Seu filho quer ser preto, ah! Que ironia Cola o pôster do 2Pac, aí, que tal? O que 'cê diz? Sente o negro drama, vai, tenta ser feliz Ei, bacana, quem te fez tão bom assim? O que 'cê deu, o que 'cê faz, o que 'cê fez por mim? Eu recebi seu tique— quer dizer, kit De esgoto a céu aberto e parede madeirite De vergonha, eu não morri, tô firmão, eis-me aqui Você, não, 'cê não passa quando o Mar Vermelho abrir Eu sou humano, homem duro, do gueto, Brown, Obá Aquele louco que não pode errar Aquele que você odeia amar nesse instante Pele parda e ouço funk Vim de onde vêm os diamantes: da lama Valeu, mãe, negro drama [Saída: Mano Brown] Aí... Na época dos barraco de pau lá na Pedreira Onde cês tavam? O que é que cês deram por mim? O que é que cês fizeram por mim? Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho? Agora tá de olho no carro que eu dirijo? Demorô, eu quero é mais, eu quero até sua alma Aí, o rap fez eu ser o que sou Ice Blue, Edi Rock e KL Jay , e toda a família E toda geração que faz o rap, a geração que revolucionou A geração que vai revolucionar Nos anos 90, século 21, é desse jeito Aí, você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você, morô irmão? Voce tá dirigindo um carro, o mundo todo tá de olho em você, morô? Sabe por quê? Pela sua origem, morô irmão? É desse jeito que você vive, é o Negro Drama Eu não li, eu não assisti Eu vivo o Negro Drama, eu sou o Negro Drama Eu sou o fruto do Negro Drama Aí, Dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha, rainha Mas aí, se tiver que voltar pra favela, eu vou voltar de cabeça erguida Porque assim que é, renascendo das cinzas Firme e forte, guerreiro de fé Vagabundo nato! ========================== Letra descargada de Letras10.co ==========================