Letra O Velho Centenário de Mercado Público

Letra de O Velho Centenário

Mercado Público


O Velho Centenário
Mercado Público
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Sob a luz de um lampião, um homem vai escrever
A história da nação e tudo mais que vê
Ninguém vai duvidar mas quem vai entenderSentado na cadeira de palha, fumando um cigarro kaia
Passando pras mãos a lembrança de toda uma vida, da infância
Que nunca deixou de viver, sabe que é ruim recordar
Das coisas que não queria ver, que sua vida é como o mar
Lindo mas salgado quase não da pra beber, ô não
Nasceu já era noite embaixo de uma aroeira,
Mas não teve festa, não teve fogueira
Sua pele escura o condenava a prisão
Não tinha senzala mas tinha a chibata do patrão
Seu pai sempre sorrindo lhe ensinava a ser bom
E dizia pra não esquecer, que imagem semelhança
Não quer dizer, que homem pode tudo
Que não há limite em seu poder
E em sua integridade ninguém pode tocar
E assim foi crescendo sem desanimar
Sem deixar a tristeza e o medo o acompanhar
Seguindo os passos que seu coração queria dar
E no destino não podia crer, ele só queria viver
Juventude no meio do cafezal, a escola distante
Mas não fazia mal, caminhava as léguas que tinha
Pra aprender a ser racional
Trabalho forçado que nunca achou normal
Seus pais já não o acompanhavam, mas sabia bem
Onde eles estavam, um sinal de perigo
Ele olhava pro céu e pra todos pedia a benção de
Deus. Sabia que o mundo não é ruim e com isso
Dizia a vida é boa, eu moro naquele campo de
Jasmim, naquela casinha perto da lagoa
Um fogão de barro, um banquinho
Uma cama, uma chaleira, um bom chimarrão
É tudo que posso lhe oferecer, mas vá lá é tudo
De coração, ganhei o que tenho com meu suor
E da simplicidade não abro mão
Liberdade, igualdade pra pensar, era só o que
Ele queria preservar.
Tudo que aprendeu, queria ensinar
E das feridas queria esquecer, ele só queria viver
O sinhá, me de um copo d′água
Eu tenho sede minhas vistas estão cansadas
Pensando bem acho que não escreverei nada
Quem vai querer saber de mim, um preto velho
Com a vida no fim, que viveu apenas sorrindo a toa
Dizendo pro mundo, a vida é boa mesmo sem riqueza
Mesmo sem conforto, assim como a figueira de tronco
Torto que da a sombra que o homem precisa pra escapar
Da insolação, descansar sentindo a energia do chão
Eu não vim ao mundo, pra servir de inspiração
Mas pra quem quer conselho preste muita atenção
Não se entregue ao cansaço tão pouco a desolação
Não temos o que temer, apenas temos que viver


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