Acordo cedo, que tormento
Levantar o corpo morto
Tanto sono, tanto medo
De um atraso no emprego
Tomo o leite do costume
Quando há tempo torro o pão
E num ai estou no carro
Já cismado com o patrão
Finco o pé bem a fundo
Travo, finto meio mundo
Passo um sinal vermelho
Fito a bófia pelo espelho
Vem portagem acidente
Três cigarros de repente
Buzinões insultos ameaças
Indisposta tanta gente
Mas se Deus quiser
Terei um dia casa mordomo e chofer
E se Deus quiser haverá quem me sirva
Malgas de caviar pela colher
Respiro fundo mesmo fundo
Para ganhar resistência
Um sorriso amarelo para o colega carrancudo
E aos poucos vou enchendo
Com os nervos o cinzeiro
Dói-me o peito a cabeça na verdade o corpo inteiro
Vem o almoço, que refasto, sandes mini ao balcão
Pelo menos nessa hora aquabola, animação
Pica às duas ricas as três quatro cinco
Só mais três saio as oito morto
Foge a vida debaixo dos pés
Mas se Deus quiser
Terei um dia casa mordomo e chofer
E se Deus quiser haverá quem me sirva
Malgas de caviar pela colher
Chego a casa quase às dez
Tanto andei nem sinto os pés
Vejo o puto de relance
Já tão grogue pelo sono
Conto história, faço mimo, adormeço o menino
O jantar é fastfood pra trincar devagarinho
Fico em frente ao novo plasma
Com a serie mais em voga
Deixo me ir naquela história
Que sonhar ainda não custa
Adormeço a babar-me, lado a lado com a Maria
Que não tem a vida que em solteira, eu lhe prometia
Mas se Deus quiser
Terei um dia casa mordomo e chofer
E se Deus quiser haverá quem me sirva
Malgas de caviar pela colher
Mas se Deus quiser
Terei um dia casa mordomo e chofer
E se Deus quiser haverá quem me sirva
Malgas de caviar pela colher